O que queremos saber?

O que queremos saber?

De tempos em tempos, vou olhar quais são os temas mais pesquisados na internet, “o que queremos saber?” e fico sempre muito impressionada com a quantidade de pesquisas sobre celebridades e futebol. Em um lugar em que podemos perguntar sobre tudo, porque perguntamos tanto sobre a vida alheia?

É claro que uma dose de curiosidade, de um olhar para o outro e para o mundo é saudável e até necessário para uma inserção social. No entanto, quando isso acontece de forma tão extensa e intensa, também nos conta de uma procura por respostas nesse mundo externo, nesse fora. É como se o que se precisa ser e o que se precisa ter tivesse que vir de outro lugar e não de nós. As redes sociais e as propagandas nos dão as informações e dados do que se faz e se consome hoje em dia. Nossos amigos parecem sempre tão bem, curtindo e com a vida tão bem resolvida. Por que não fazer como eles? Que mal há nisso?

A verdade é que minha ideia não é criticar as redes ou a mídia, mas parar para olhar para o buraco que esse tipo de interação, quando quase que exclusivo, causa dentro de nós. Recebi outro dia um adolescente que me disse: “não sei o que fazer com meu tempo. Todo mundo parece estar se divertindo menos eu, mas se tento fazer como eles, não me divirto também”. Aprender o que nos faz bem em cada situação é tão importante quanto aprender sobre o mundo e a única forma de fazer isso é olhando para dentro. Os gostos e as experiências são individuais e precisam ser descobertos e refinados com o passar do tempo. Quando somos crianças e dispomos de tempo e tédio, vamos aprendendo a descobrir isso. Experimenta uma brincadeira, resolve fazer um desenho, se envolve com um brinquedo… e quando cansa ou não faz sentido, abandona e busca algo novo. Com o tempo, as brincadeiras ou os brinquedos preferidos vão se revelando… Quando crescemos, parecemos esquecer esse processo de descoberta e auto conhecimento. Ficamos olhando tanto para fora para tentar entender o que fazer, que temos muita dificuldade em encontrar as coisas que “encaixam” com o que precisamos a cada momento.

Olhar para dentro dá trabalho e às vezes também dá medo. E se eu descobrir que o que eu quero de fato é muito diferente do que eu tenho? Mas é esse movimento que também é curativo, que nos abre a chance de conexões mais reais e de menos angústia.

A psicoterapia é uma oportunidade para construir esse olhar para dentro quando está muito difícil de fazer isso sozinho e, certamente, um passo importante em direção à saúde mental.

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