Infelizmente na sexta-feira, dia 09 de agosto de 2024, tivemos um evento que trouxe a tona a dificuldade que é lidar com a morte, especialmente em situações abruptas e inesperadas como foi com a queda do avião que matou 62 pessoas em Vinhedo.
O luto é uma resposta emocional complexa e universal à perda, geralmente associada à morte de um ente querido, mas que também pode ocorrer em resposta a outras formas de perdas significativas, como o término de um relacionamento, perda de emprego ou mudanças drásticas na vida. Do ponto de vista psicológico, o luto é entendido como um processo que envolve várias fases e que varia significativamente de uma pessoa para outra, tanto em termos de duração quanto de intensidade.
Fases do Luto
Tradicionalmente, o luto é descrito em termos de cinco fases, conforme proposto pela psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross em seu livro “Sobre a Morte e o Morrer” (1969). As fases são:
- Negação: A primeira reação à perda é geralmente a negação. Nesta fase, o indivíduo pode ter dificuldade em aceitar a realidade da perda, utilizando mecanismos de defesa para lidar com a dor inicial. Essa fase pode envolver sentimentos de entorpecimento ou choque.
- Raiva: À medida que a negação começa a desvanecer, a raiva surge como uma forma de lidar com o sofrimento. A pessoa pode sentir-se irritada com a situação, com outras pessoas ou até mesmo com a pessoa falecida. Essa raiva é uma forma de expressar o desconforto e a dor que a perda provoca.
- Negociação: Nesta fase, o enlutado pode tentar negociar com a realidade, buscando formas de reverter ou atenuar a perda. Isso pode envolver pensamentos sobre o que poderia ter sido feito de maneira diferente para evitar a perda, ou mesmo negociar com uma entidade superior, dependendo das crenças da pessoa.
- Depressão: Quando a negociação não traz resultados e a realidade da perda se torna inegável, a pessoa pode entrar em uma fase de depressão. Esse estágio é caracterizado por sentimentos profundos de tristeza, desespero e desamparo. A depressão no luto é um processo normal, mas requer atenção se for prolongada ou muito intensa.
- Aceitação: A última fase do luto envolve a aceitação da perda. Não se trata de esquecer ou minimizar a importância do que foi perdido, mas sim de encontrar uma maneira de continuar a viver, incorporando a perda na narrativa pessoal. A aceitação permite que o indivíduo siga em frente, mantendo a memória da perda, mas também abrindo espaço para novas experiências e relações.
Acompanhamento psicológico no luto
O acompanhamento psicológico pode ser crucial no processo de luto, especialmente quando a pessoa encontra dificuldades em lidar com a perda ou quando o luto se torna complicado, ou seja, quando o indivíduo fica preso em uma das fases e não consegue avançar.
Embora o luto seja uma resposta normal e esperada à perda, em alguns casos ele pode se tornar complicado, levando a um sofrimento prolongado e intenso que interfere significativamente na vida diária do indivíduo. Nesses casos, o diagnóstico e o tratamento adequados são essenciais.
O entendimento do luto como um processo multifacetado e individual, que varia de pessoa para pessoa, é fundamental para a prática clínica. A escuta empática e o suporte contínuo são pilares essenciais para ajudar o indivíduo a navegar pelo luto, integrando a perda à sua vida de uma maneira que permita crescimento e cura.