Quer ver um filme? Entra no streaming. Quer fazer uma compra? Vai na internet. Tem alguma dúvida? Busca no google.
Temos muito pouca espera. Tudo é muito rápido. Leia um jornal inteiro só com as manchetes. Aliás, leia um jornal online, filtre por palavra, bata o olho. Agende e cancele a academia online. Não assuma laços, vá cada dia em uma. Alugue uma sala por minutos. Coma “fast food” e coma rápido. O horário de almoço também serve pra resolver outras coisas.
Poste um stories. Veja um stories. Mas veja rápido, logo ele some.Fique na fila virtual enquanto faz outras coisas. Desempenhe, não perca tempo. Ficar sem fazer nada? Como assim? Lote a agenda das crianças. Aproveite para formar uma pessoa com muitas habilidades. Treine línguas, faça esportes, mantenha-a entretida. Jogue videogame. Ganhe, perca, recomece. Tic tac, passou 4 horas e nem vi.
Produtividade. Aproveite o trabalho para render ao máximo. Aproveite o lazer para fazer tudo ao máximo. Se você não fez nada no final de semana, vá olhar a rede social do seus amigos. Você perdeu tempo, olha quanta coisa legal estava acontecendo. Você parou, você perdeu.Ansiolíticos vendendo como água. Consultório lotado de queixas de ansiedade. O que está acontecendo?
Estamos nos tornando uma sociedade cada vez mais ansiosa. Temos tentado tratar, de maneira muito individualizada, algo que vem acontecendo em um nível mais amplo. Precisamos olhar para isso. Desaprendemos a esperar, desaprendemos a lidar com o tédio, desaprendemos a não saber, desaprendemos a relaxar.
Com isso, temos menos tolerância, menos noção das necessidades coletivas e menos senso de comunidade. Temos menos ferramentas para lidar com a frustração. “Eu quero o que eu quero e quero agora”.
Nunca foi tão importante ensinar a respirar. Sim, lembrar de respirar devagar. Lembrar de sentir o próprio corpo e de lembrar que ele não é uma máquina. Ajustes individuais ajudam. Medicação e terapia ajudam. Menos celular ajuda.Ter uma visão crítica do momento em que vivemos certamente ajuda.
