Existe amor perfeito?

Em épocas de redes sociais, a ideia de perfeição permeia quase tudo que nos cerca: o corpo, o trabalho, os filhos, a vida e certamente, as relações amorosas. Embora o mito do amor perfeito tenha surgido há muitos anos, podemos dizer que hoje toma forma em elementos como beleza, status e uma suposta felicidade permanente. O amor idealizado é um fenômeno que ocorre quando uma pessoa projeta em outra um conjunto de qualidades, características e expectativas idealizadas. Essa forma de amor é baseada em uma visão romântica e perfeccionista do parceiro, onde as imperfeições e falhas são ignoradas ou negadas.

São padrões previamente estabelecidos que tendem a ignorar a experiência que de fato a relação promove, levando a armadilhas e relações mantidas sem que sejam efetivamente satisfatórias para ambos. São os casais que combinam mais no âmbito superficial do que nas características mais relacionais.

Para nos relacionarmos com alguém precisamos compreender que todos temos virtudes e defeitos. Isso significa que a realidade se impõe e nos obriga a viver para além da estética ou da conveniência social. Se vivemos buscando a relação perfeita, perdemos a chance de viver a relação possível, que é aquela que é imperfeita. Ao idealizar o amor, corremos o risco de nos afastar da realidade e não reconhecer o valor genuíno do parceiro. Além disso, podemos criar uma dinâmica de relacionamento desequilibrada, onde a pessoa idealizada é colocada em um papel de pedestal e a outra se sente constantemente pressionada a atender às expectativas irreais. Isso pode gerar frustração, ressentimento e até mesmo o fim do relacionamento.

Uma alternativa a essa visão idealizada é buscar na experiência aspectos mais realistas da relação e reconhecer falhas e imperfeições do parceiro. Isso não significa passar a amar menos, mas sim, encontrar uma vertente mais autêntica e completa.

Para isso, é fundamental também trabalhar a autoestima e compreender o que se é, o se tem a oferecer e o que falta. Com uma visão mais apropriada de si mesmo, ficamos menos propensos a esse desejo de encontrar tudo no outro e, a aceitação de nossas próprias imperfeições nos permite também aceitar as imperfeições do parceiro.

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