A compulsão por comprar, assim como outros vícios, é um ato repetitivo, difícil de ser controlado e executado de modo exagerado. Da mesma forma que algumas pessoas sentem compulsão por comer, usar drogas, roer unhas ou jogar, as pessoas que sofrem desse transtorno sentem um impulso incontrolável de comprar itens, muitas vezes desnecessários, como uma forma de aliviar a ansiedade, preencher um vazio emocional ou buscar gratificação imediata.
Embora a compulsão por compras não seja descrita como uma condição de doença mental, sabemos que traz um prejuízo financeiro e emocional muito grande e está constantemente relacionada a outros transtornos, como ansiedade e depressão.
O que causa a compulsão por compras?
A compulsão por compras pode ter várias causas subjacentes. Alguns estudos sugerem que fatores genéticos e biológicos podem estar envolvidos, enquanto outros apontam para influências ambientais e experiências de vida. Pessoas que vivem, por exemplo, em lares desestruturados, tendem a buscar por prazeres imediatos que provocam uma tranquilidade momentânea. É uma forma de fugir do ambiente caótico de uma convivência estressante.
Alguns transtornos também favorecem o seu aparecimento. É o caso do Transtorno Bipolar, em que a dificuldade para resistir a impulsos é uma característica comum. Na ansiedade a compulsão também pode aparecer como uma forma de amenizar os sintomas ansiosos por um curto período. É uma forma de alívio, mas que não se sustenta porque assim que a pessoa se sentir ansiosa novamente, precisará entrar de novo nesse ciclo para ficar calma de novo.
Além disso, não há como desconsiderar a pressão social, o marketing agressivo e a facilidade de acesso às compras online que acabam por desempenhar um papel significativo no desenvolvimento e agravamento desse transtorno.
As consequências da compulsão por compras
Comprar tende a trazer um alívio temporário à sensação que levou àquele ato. No entanto, o alívio é seguido por sentimentos de culpa, arrependimento e angústia, à medida que a pessoa percebe as consequências negativas de seu comportamento, que podem incluir endividamento excessivo, conflitos nos relacionamentos interpessoais, isolamento social e problemas profissionais.
O endividamento faz com que o indivíduo possa chegar a perder posses matérias e conquistas de anos ou ainda dificultar as relações mais próximas que são alvo de pedidos de empréstimo.
Isso significa que acaba por ser uma forma de autossabotagem e fuga de emoções difíceis. É como uma tentativa de preencher um vazio emocional ou uma falta em sua vida que é de curta duração, levando a um ciclo vicioso de busca contínua por novas compras para sustentar essa sensação de gratificação.
Como a terapia pode ajudar?
A psicoterapia pode ajudar a identificar os gatilhos emocionais que desencadeiam o comportamento de compra compulsiva, ampliando também o olhar para a possibilidade de reconhecer outros transtornos que podem estar associados a esse comprar excessivo.
A partir da compreensão do quadro, é possível pensar conjuntamente em estratégias para lidar tanto com os sentimentos que provocam o comprar quanto para a vida prática em torno da relação com o dinheiro e as necessidade de compras reais.
Quebrar esse hábito de comprar de maneira exagerada é um processo que pode ser longo e permeado por momentos em que há vontade de retomar os velhos costumes. No entanto, com a combinação de terapia, suporte social e estratégias de enfrentamento, é possível superar essa compulsão e construir uma vida mais equilibrada e saudável, onde as compras sejam uma escolha consciente e não um mecanismo de fuga.